A notícia da última quinta-feira (10) de um novo e agressivo reajuste no preço dos combustíveis caiu como uma bomba nos grupos de conversas de motoristas de aplicativo.
O sentimento é que ficará ainda mais difícil trazer rentabilidade ao trabalho, e alguns voltaram a pensar em desistir e procurar outro emprego. Quem fica, promete selecionar ainda mais as corridas que tragam retorno.
“O certo é, o mais rápido possível, seguir outra fonte de renda. App já deu, já foi bom”, diz um dos motoristas.
“Desse jeito, vamos ter que vender o carro para comprar gasolina. App já não está compensando, principalmente para quem paga aluguel [do automóvel]. Hoje a desculpa é a guerra, cada dia é uma desculpa”, diz a mensagem de outro motorista.
Prints das conversas de motoristas de aplicativos mostram desânimo com aumento do preço dos combustíveis — Foto: Arte g1
Acompanhando a situação dos motoristas desde julho de 2021, quando houve o primeiro repique de preços da gasolina e etanol. Foi ali que usuários das principais plataformas começaram a perceber a prática de cancelamento constante de corridas por parte dos motoristas, que buscavam viagens mais rentáveis.
Desde o início, o pleito da categoria era de que as empresas baixassem o percentual da taxa, para que a margem aumentasse. No início de setembro, os aplicativos de transportes Uber e 99 anunciaram aumento dos valores repassados para os motoristas, mas a situação não chegou a se normalizar.
No fim daquele mês, a Uber decidiu excluir motoristas da plataforma pelos cancelamentos constantes. A empresa diz que foram 1,6 mil profissionais retirados da plataforma.
Francisco Peixoto Neto foi excluído da plataforma em setembro; ele continua trabalhando com a 99 — Foto: Arte/G1/Arquivo pessoal
“A gente quer saber o que as plataformas vão fazer. Se for para excluir os motoristas, vão acabar excluindo todo mundo”, diz Peixoto.
Para Rosemar Pereira, mais um aumento deve trazer novo abalo para a categoria. Já desconfortável com o aumento dos combustíveis, ele trocou de carro no fim de 2021 para um modelo movido a GNV.
“Fiz esse investimento quando o movimento parecia melhorar, agora já não sei se vou me arrepender. Só esse aumento já deve tirar 10% da renda que faço no trabalho”, afirma.
Com alta dos combustíveis, Rosemar Pereira comprou carro novo para mudar para o GNV — Foto: Arquivo pessoal
“Antes desse aumento, o motorista já trabalhava de forma estrangulada. Desde 2019 é preciso trabalhar 12h para fazer o rendimento”, afirma Souza.
Passageiros relatam dificuldade em conseguir transporte por aplicativo