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‘App já deu, já foi bom’: nova alta dos combustíveis cria clima de velório entre motoristas

Combustível representa de 40% a 50% dos custos fixos dos motoristas de aplicativo e alta de preços anunciada pela Petrobras na quinta-feira já apareceu nos postos. Empresas anunciaram medidas de apoio.

por Lud Hayashi

A notícia da última quinta-feira (10) de um novo e agressivo reajuste no preço dos combustíveis caiu como uma bomba nos grupos de conversas de motoristas de aplicativo.

O sentimento é que ficará ainda mais difícil trazer rentabilidade ao trabalho, e alguns voltaram a pensar em desistir e procurar outro emprego. Quem fica, promete selecionar ainda mais as corridas que tragam retorno.

“O certo é, o mais rápido possível, seguir outra fonte de renda. App já deu, já foi bom”, diz um dos motoristas.

“Desse jeito, vamos ter que vender o carro para comprar gasolina. App já não está compensando, principalmente para quem paga aluguel [do automóvel]. Hoje a desculpa é a guerra, cada dia é uma desculpa”, diz a mensagem de outro motorista.

Prints das conversas de motoristas de aplicativos mostram desânimo com aumento do preço dos combustíveis — Foto: Arte g1

Prints das conversas de motoristas de aplicativos mostram desânimo com aumento do preço dos combustíveis — Foto: Arte g1

Acompanhando a situação dos motoristas desde julho de 2021, quando houve o primeiro repique de preços da gasolina e etanol. Foi ali que usuários das principais plataformas começaram a perceber a prática de cancelamento constante de corridas por parte dos motoristas, que buscavam viagens mais rentáveis.

Segundo os profissionais, o combustível representa de 40% a 50% dos custos fixos dos motoristas, que ainda sofrem descontos da taxa paga aos apps, que varia de 20% a 40% a cada corrida. Alguns, que alugam o carro para trabalhar, precisam pagar prestações mensais.

Desde o início, o pleito da categoria era de que as empresas baixassem o percentual da taxa, para que a margem aumentasse. No início de setembro, os aplicativos de transportes Uber e 99 anunciaram aumento dos valores repassados para os motoristas, mas a situação não chegou a se normalizar.

No fim daquele mês, a Uber decidiu excluir motoristas da plataforma pelos cancelamentos constantes. A empresa diz que foram 1,6 mil profissionais retirados da plataforma.

Francisco Peixoto Neto foi excluído da plataforma em setembro; ele continua trabalhando com a 99 — Foto: Arte/G1/Arquivo pessoal

Francisco Peixoto Neto foi excluído da plataforma em setembro; ele continua trabalhando com a 99 — Foto: Arte/G1/Arquivo pessoal

Francisco Peixoto Neto foi um dos excluídos, mas segue trabalhando pela 99. Ele diz que a nova alta deve trazer de volta a prática de recusar corridas, em especial as mais curtas – que os motoristas chamam de “pescoço”.

“A gente quer saber o que as plataformas vão fazer. Se for para excluir os motoristas, vão acabar excluindo todo mundo”, diz Peixoto.

Para Rosemar Pereira, mais um aumento deve trazer novo abalo para a categoria. Já desconfortável com o aumento dos combustíveis, ele trocou de carro no fim de 2021 para um modelo movido a GNV.

“Fiz esse investimento quando o movimento parecia melhorar, agora já não sei se vou me arrepender. Só esse aumento já deve tirar 10% da renda que faço no trabalho”, afirma.

Com alta dos combustíveis, Rosemar Pereira comprou carro novo para mudar para o GNV — Foto: Arquivo pessoal

Com alta dos combustíveis, Rosemar Pereira comprou carro novo para mudar para o GNV — Foto: Arquivo pessoal

“Antes desse aumento, o motorista já trabalhava de forma estrangulada. Desde 2019 é preciso trabalhar 12h para fazer o rendimento”, afirma Souza.

Passageiros relatam dificuldade em conseguir transporte por aplicativo
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