Com tantos tipos de açúcar, pode parecer difícil até para os humanos identificarem qual é qual. E como funciona para as formigas, então?
Sendo uma boa fonte de energia, o açúcar conquista um espaço especial no coração de todos, graças ao seu sabor atrativo.
E assim como para nós, humanos, os doces podem oferecer várias diferenças em sua composição, o mesmo ocorre para os insetos.
De fato, no reino animal, as formigas possuem um método peculiar para distinguir entre diferentes tipos de açúcares. Uma recente pesquisa, publicada na revista Nature, explora essa capacidade de forma pioneira.
Apostam no paladar
Enquanto os humanos têm apenas um receptor para processar os diferentes tipos de açúcar, as formigas contam com uma série de receptores, cada um especializado em diferentes tipos de açúcares. Isso confere a elas um paladar extraordinariamente seletivo.
Assim como nós, as formigas também buscam o sabor doce devido à sensação prazerosa que ele proporciona.
No entanto, para esses insetos, essa habilidade de distinguir entre diferentes tipos de açúcar facilita a identificação dos nutrientes de que necessitam, mesmo quando as diferenças entre as moléculas são sutis.
Embora soubéssemos da existência desse processo de identificação, seu funcionamento detalhado era pouco compreendido até recentemente.
Por isso, pesquisadores da Universidade de Yale se dedicaram a mapear um desses receptores e entender como essa sensibilidade se manifesta nesse grupo de insetos.
Receptor
Ao examinar a interação entre o açúcar e um receptor específico, que se liga à D-frutose, os pesquisadores descobriram como esse receptor era ativado.
Surpreendentemente, constatou-se que outros açúcares também podem se ligar a esse mesmo receptor. No entanto, ainda existem alguns pontos para se considerar.
A diferença está nos detalhes, particularmente em escala atômica: na presença de D-frutose, a interação com uma ponte molecular que se conecta à bolsa de ligação, onde o açúcar se fixa, desencadeou uma mudança que ativou o receptor.
Com um açúcar bastante semelhante, L-sorbose, apesar de aparentemente se fixar na bolsa de ligação, não houve ativação do receptor.
Em outras palavras, a ponte molecular mencionada anteriormente não interagiu da mesma forma diante desse tipo de açúcar.
Joel Butterwick, um dos autores do estudo, comparou essa interação a um tipo de mecanismo de seleção e acrescentou que isso mostra a área onde os diferentes tipos de açúcar se fixam, a bolsa de ligação.
Ao descobrir que esse não é o único determinante, os cientistas conseguiram desenvolver novas teorias. Para especialistas, um receptor menos específico talvez possa se ligar a mais moléculas, ou talvez sua ponte seja mais facilmente ativada.