Uma professora que preferiu não se identificar conta que não consegue dormir há uma semana. “Estamos com muito receio, as atividades serão retomadas e não nos sentimos seguros em acolher as crianças neste momento”, conta G.P.
Ela também está preocupada porque a escola particular onde trabalha não deixou claro para os pais que apenas 20% dos alunos serão recebidos nesta primeira etapa. “Temos receio que as salas fiquem cheias”, diz.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) liberou as atividades extracurriculares como cursos de idiomas ou atividades físicas, neste caso, sem contato e de preferência ao ar livre.
Outra professora, A. S., que dá aula de música há mais de 20 anos na rede particular, também não está segura com o retorno das atividades. “Quando falamos de educação infantil, por mais que siga o protocolo, é impossível que não haja contato físico entre as crianças e entre elas e o professor.”
A professora de música reforça que é impossível fazer o acolhimento de uma criança sem contato. “Estaremos de máscara, mas como evitar um abraço ou colo para um aluno que está chorando?” E conclui: “Não tem como não pensar na nossa saúde, dos nossos familiares e das crianças.”
“Minha preocupação é com a qualidade”, diz K. S, que dá aula de inglês. “Eu terei de ficar sentada em frente ao computador e dividindo minha atenção entre as atividades online e presenciais, em 45 minutos de aula, não creio que será muito produtivo.”
Luiz Antonio Barbagli, presidente do SinproSP (Sindicato dos Professores de São Paulo) destaca que a associação é contra o retorno presencial. “A pandemia ainda não está controlada e juntar alunos e professores por muito tempo em um mesmo ambiente pode aumentar a transmissão da doença”, avalia.
Outro ponto destacado pelo Sinpro é a diferença de posicionamento das escolas particulares. “Cada um entende como deve voltar, tem escola que não tinha atividade extracurriculares e agora ‘inventou’, outras só farão acolhimento e ainda tem aquelas que não vão retornar, acreditamos que o ideal seria voltar em 2021.”
A prefeitura de São Paulo informa que o retorno às atividades neste momento é optativo, cabe aos pais mandar ou não as crianças. Também reforça que as regras de distanciamento, o uso do álcool em gel e de máscaras por todos devem ser observados pelas instituições entre outas regras.
Por meio de nota, a prefeitura “informa que todas as escolas devem obedecer às regras estabelecidas pelo decreto 59.774, publicado na edição de 18 de setembro de 2020 do Diário Oficial, e pela instrução normativa SME nº 33, publicada em 26 de setembro. As escolas poderão atender os estudantes até o limite de 20% por turno. Agentes municipais irão fiscalizar o cumprimento e os cidadãos podem colaborar indicando estabelecimentos que descumpram as normas pelo SP 156.”
Escolas particulares
O SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) aposta que 80% das escolas particulares retomem as atividades nesta quarta-feira (7).