O governo britânico lançou um apelo nesta segunda-feira (1º) para encontrar uma pessoa que importou para o Reino Unido a cepa do coronavírus originada no Brasil, diante da preocupação dos especialistas sobre a possível resistência dessa variante às vacinas atuais.
A cepa que surgiu em Manaus, na Amazônia brasileira, foi detectada em três pessoas que chegaram na Escócia e em outras três na Inglaterra, mas uma destas últimas não foi localizada porque não forneceu seus dados no formulário quando realizou o teste.
“Estamos tentando localizá-la”, disse o secretário de Estado para vacinação, Nadhim Zahawi, à BBC, pedindo “que qualquer pessoa que fez o teste em 12 de fevereiro” que entrasse em contato com as autoridades se não recebeu o resultado.
Ela também anunciou que vai lançar uma campanha de “testes abrangentes” em Gloucestershire, no sul da Inglaterra, onde os outros dois casos dessa variante foram detectados.
País mais afetado da Europa, com quase 123 mil mortes confirmadas por covid-19, o Reino Unido foca sua estratégia em uma campanha massiva de vacinação que começou em 8 de dezembro e já vacinou mais de 20 milhões dos 66 milhões de habitantes do país, atualmente confinado pela terceira vez desde o início de janeiro.
Desde meados de janeiro, os voos diretos de toda América do Sul, Panamá e Portugal – entre outros países – estão suspensos e apenas britânicos e residentes dessas origens, que desde 16 de fevereiro devem passar por 10 dias de quarentena em um hotel.
Mas os que importaram a cepa para a Inglaterra chegaram de São Paulo antes disso em um voo de Zurique, gerando reclamações da oposição britânica sobre deficiências no sistema de controle.
“Temos um dos regimes de fronteira mais rígidos do mundo para impedir a entrada neste país de pessoas com as variantes que nos preocupam”, se defendeu o primeiro-ministro Boris Johnson nesta segunda-feira, destacando o “esforço maciço” feito por seu executivo para implantar “o mais rápido possível ‘medidas’ muito difíceis”, como quarentenas em hotéis.
“Atualmente não temos razão para acreditar que nossas vacinas sejam ineficazes contra essas novas variantes”, disse ele a repórteres durante uma visita a uma escola em Stoke-on-Trent, no norte da Inglaterra.
Enquanto a Inglaterra se prepara para reabrir suas escolas na próxima semana, especialistas alertam que a variante brasileira é mais contagiosa e pode ser mais resistente às vacinas atuais do que a variante predominante no país, descoberta em dezembro no sudeste da Inglaterra.