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Governo adia o Enem e embaralha calendário universitário de 2021

por Lud Hayashi

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deve ter mais de 4 milhões de participantes neste ano, foi enfim adiado nesta quarta-feira (20), pelo MEC (Ministério da Educação). Esta será a segunda vez na história do maior vestibular do País que ele deixará de ser feito na data marcada; a primeira foi quando a prova foi roubada em 2009, conforme revelado pelo Estadão.
A mudança, que o Congresso Nacional já havia começado a decidir ontem e era pedida há semanas por secretários de Educação, universidades e estudantes, vai dar mais tempo para alunos pobres se prepararem. Mas também embaralha todo o calendário de outros vestibulares e o ano letivo de 2021.

Apesar do anúncio do adiamento, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) do MEC não informou a nova data do exame. De maneira vaga, dizia apenas que a previsão era de “30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais”.

ministro Abraham Weintraub, que sempre defendeu a manutenção da prova em novembro, quer fazer agora uma consulta pela internet sobre a data com estudantes. Para secretários estaduais de Educação e especialistas, a decisão não deve ser só dos alunos e, sim, considerar as redes de ensino, universidades e ainda analisar como será a volta às aulas após a pandemia.
O Enem é a porta de entrada para mais de 200 mil vagas em cerca de 130 instituições por meio do Sisu, o sistema eletrônico que seleciona os candidatos conforme suas notas. Quando o Enem ocorre em novembro, há ainda cerca de dois meses para que as provas sejam corrigidas e as vagas sejam liberadas no Sisu, o que ocorre em janeiro. Caso a prova seja adiada por 60 dias, o Enem seria em janeiro e aprovações só sairiam em março ou abril, já que há sempre mais de uma lista.
Fuvest e Unicamp
Vestibulares como os da Fuvest e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também têm vagas que dependem do Enem. Segundo o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, o calendário ainda será discutido na instituição, mas é “muito provável” que o vestibular seja adiado. A Unicamp também já reduziu o número de livros obrigatórios para prova, de 12 para 7 este ano, por causa da pandemia, considerando dificuldade de acesso às obras. “Estamos discutindo também o conteúdo, como avançar mais na testagem de habilidades, interpretação de texto.”
Procurada, a Fuvest informou que também pode vir a rever o calendário. Entidades que reúnem universidades particulares sugerem até que a prova do Enem seja reformulada para não prejudicar tanto o calendário letivo. “Poderia ser feita uma prova mais leve, que possa ser corrigida mais rápido, respondida em um dia só, sem redação”, diz o diretor do Semesp, que representa as instituições privadas de São Paulo, Rodrigo Capelato. Segundo ele, os alunos atualmente “não fazem nada até sair a nota do Enem”, ou seja, sequer participam dos vestibulares de universidades particulares porque esperam uma vaga no Sisu. Isso só acontece depois que não são aprovados, o que faz com que as aulas comecem em meados de março.

“Entendemos o problema da pandemia, mas estamos preocupados com o ano letivo não ser mais prejudicado.” O Enem é em dois dias, com 180 questões, balizadas por um método estatístico complexo, e uma redação.

Covid
As universidades federais, que são a maioria de vagas no Sisu, já haviam pedido o adiamento da prova para que fossem discutidas também as condições de segurança sanitária em que o exame será realizado. Deve ser muito provável que as salas, normalmente com cerca de 40 alunos durante o Enem, tenham de ter menos estudantes.
Segundo o Estadão apurou, o Inep ainda não tem um estudo dessas mudanças, que preveem também medidores de temperatura na entrada dos prédios. Os técnicos do órgão foram pegos de surpresa ontem com a ordem do ministro para adiar a prova; o assunto seria discutido na diretoria no mesmo dia, mais tarde.
“Com o adiamento, a gente pode pensar melhor a chegada dos novos estudantes”, diz a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Soraya Smaili. Para ela, embora não haja plano de redução do número de vagas para alunos novos, discute-se estruturar turmas menores, com salas mais amplas, porque os cuidados sanitários podem ter de ser adotados em 2021.
Aluna
Heloisa Mendes, de 17 anos, faz ensino médio em uma escola técnica estadual e gostou do adiamento. Ela diz que tem o “privilégio” do acesso à internet, mas é difícil absorver o conteúdo da aula online. “Em uma pandemia, a gente tem de se preocupar com o coronavírus e os estudos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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