A pandemia da covid-19 mudou o dia a dia e, como não poderia ser diferente, o tempo para atividades físicas foi deixado de lado. Preocupados com o assunto, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram um estudo que mostrou a relação direta da falta de exercícios durante a quarentena e o nível de ansiedade e depressão.
A pesquisa foi realizada por meio de um questionário on-line, respondido por 1.853 voluntários, sendo 1.110 mulheres e 743 homens, de todo o Brasil. A constatação foi de que 30% dos participantes apresentaram sintomas de depressão de grau moderado a grave e 23,3%, sintomas de ansiedade de grau moderado a grave.
“As pessoas responderam sobre os hábitos de exercícios antes da pandemia, durante da pandemia e, como estavam em relação à ansiedade e depressão. Os números que chegamos foram alarmantes, porque é uma frequência muito alta de pessoas com alterações na saúde mental”, afirma Marília Andrade, coordenadora do estudo e professora do Departamento de Fisiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp).
O nível de atividade física caiu significativamente: antes da quarentena, 69% dos voluntários eram classificados como muito ativos, contra somente 39% durante a pandemia. As pessoas que diminuíram o nível de atividade apresentaram mais sintomas de ansiedade e depressão.
Outro dado que os pesquisadores salientam é a maior incidência de casos de depressão e ansiedade entre pessoas com baixa renda e jovens. Marília acredita que, nesse caso, os entrevistados também são influenciados por outros fatores.
“O nível de exposição às mídias sociais sobre número de mortos, infecção que o jovem está mais exposto, talvez seja uma explicação para ter mais incidência. Entre as pessoas de baixa renda, as questões sociais, preocupações com manutenção de empregos devem ser apontados também como causa para esse quadro”, afirma a coordenadora do estudo.
No momento em que o Brasil atinge o pior momento da pandemia e as regras de isolamento estão mais rígidas e a preocupação com a saúde mental aumenta. A recomendação é seguir as práticas esportivas, mesmo em casa, segundo a pesquisadora.
“É importante criar uma rotina e ter um momento do dia para se dedicar apenas às atividades físicas. Não é uma resposta definitiva, mas a indicação é manter alguma atividade para tentar equilibrar as saúde mental”, indica Marília Andrade.