Um distanciamento social prolongado ou intermitente pode ser necessário até 2022 para evitar colapso dos sistemas de saúde ao redor do mundo, indicou um estudo assinado por pesquisadores da Universidade de Harvard, liderados por Marc Lipsitch, do Departamento de Epidemologia, e publicado pela revista Science nesta terça-feira (14). Na falta de intervenções, reaparições do contágio podem ser registradas até 2024, de acordo com os estudiosos.
A pesquisa cruza dados desta e de outras formas de coronavírus para simular diversos cenários da evolução da doença até 2025. Com base nos dados de contágio atuais, os autores assumem que o vírus pode circular em todas as épocas do ano – mesmo se os picos maiores e mais recorrentes forem no inverno.
Caso fique comprovado que seres humanos ficam imunizados permanentemente após contrair o vírus, o estudo projeta o desaparecimento da doença após cinco anos. A publicação deixa claro que essa hipótese não está comprovada e recomenda testes para compreender o processo de imunização. Sem imunização protetora, não há perspectiva para o fim do contágio.
Medidas urgentes
Independentemente da dinâmica de transmissão do vírus após a pandemia, o estudo diz serem necessárias “medidas urgentes para conter a pandemia atual”. Considerando que remédios e vacinas devem precisar de meses ou anos entre desenvolvimentos e testes, as intervenções não-farmacêuticas são as “únicas maneiras imediatas de diminuir a transmissão da SARS-Cov-2”, diz a publicação.
Distanciamento social, fechamento de escolas e comércio, cancelamento de eventos e outros tipos de restrição são as medidas defendidas pelos especialistas da universidade americana. Essas medidas teriam efeitos no fator de transmissão chamado R0, referente ao número de novas pessoas que alguém infectado é capaz de infectar. Esse número pode cair até 60%, dependendo das medidas tomadas, conforme a pesquisa.
Essas medidas, em países com boa capacidade do sistema de saúde, podem ser relaxadas a partir de meados de 2021 e cessar gradualmente até julho de 2022, considerando a introdução de um tratamento hipotético que diminua a proporção de casos que exigem hospitalização (o que tem efeito semelhante a dobrar a capacidade dos leitos),