Foi tão sonhada minha graduação em jornalismo, confirmada com teste vocacional, um pouco inspirada na minha irmã que trabalhava num jornal impresso. Meu objetivo era ser correspondente internacional, queria estar no meio da ‘Guerra’, dos tsunamis, dos atentados.
Terminei a faculdade com ‘sangue no zóio’ no auge dos meus 21 anos com todo vigor, beleza e saúde para enfim correr atrás de alcançar meu objetivo e viajar o mundo. Como com quase tudo em minha vida, nada foi como esperado ou planejado.
Durante os 4 anos cursando a faculdade pude fazer estágios nos mais diversos meios de comunicação, conhecer os mais respeitados âncoras e editores de rádio e tv nacional, e foi com esses relacionamentos e experiências que tudo mudou.
Estive de perto acompanhando a esposa de um respeitado e conhecido âncora de jornal que vemos todos os dias no horário nobre, no canal global, em trabalho de parto, um momento tão único e que seria fundamental a presença do seu esposo para segurar sua mão, do pai para pegar o filho pela primeira vez e viver tudo aquilo e sabe o que aconteceu? Ele não pode estar lá com sua esposa porque logo entraria ao vivo para apresentar o jornal.
Tive a triste constatação que, em quem me ‘espelhava’ profissionalmente estava financeiramente insatisfeito e a vida pessoal deixada de lado em detrimento do comprometimento com a profissão. E não só como neste caso citado acima, dia do nascimento do primogênito, mas em muitas ocasiões como datas comemorativas, reuniões familiares, feriados, todos ‘vivendo’ trabalhando, presos à uma ilha de redação, gravações, edições.
Aos 9 anos meus pais se separaram e sofri, sofro muito com isso, admito que sofro até hoje. Em consequência desse fato marcante na minha vida, o que eu mais sonhava e queria era a minha família: A MINHA FAMÍLIA.
Cheguei num ponto em que tive que optar em ser a profissional que sonhava: correspondente internacional ou o sonho pessoal de ter a minha família. Uma vez que os dois seriam impossíveis naquele momento. A razão e a emoção gritaram, brigaram muito.
Talvez seja a decisão mais acertada em toda a minha vida.
Hoje não sou reconhecida como jornalista, tampouco correspondente internacional, em contrapartida tenho duas jóias preciosas, a Valentina de 3 anos e 9 meses e a Antonella de 6 meses e 28 dias.
E como jornalista, acredito ser uma excelente mãe (pelo menos tento ser). Minha dedicação é total à elas, tudo é por e para elas. Troquei o sonho da realização profissional, da informação ao vivo para estar de plantão pela minha família, troquei a redação de informações para viver a minha história, abri mão de um sonho incerto para viver o sonho da vida real.
Essa é Ludmila Hayashi, 34 anos, formada em Jornalismo, Administração, Teologia, Instrutora de Auto escola, Técnica em Transações Imobiliárias, pensando qual será o próximo curso ou graduação: MÃE, COM MUITO ORGULHO.