Muitas famílias ainda evitam falar sobre dinheiro com os filhos, na maioria das vezes por acharem que ainda é cedo para tocar no assunto e que precipitar as coisas não fará diferença em suas vidas. Ledo engano.
“Estimular a educação financeira na infância estimula a construção de hábitos sustentáveis desde cedo”, explica a educadora financeira Teresa Tayra.
Envolver todos os integrantes da família no planejamento do orçamento é um dos requisitos para manter as finanças saudáveis, segundo Márcia Silva, gerente de investimentos na Sicredi Vale do Piquiri Abcd PR/SP.
“O que muita gente não sabe, no entanto, é que esse processo não inclui somente os adultos. A educação financeira para crianças e adolescentes ajuda no controle das contas da casa e prepara os pequenos para lidarem melhor com seu próprio dinheiro no futuro”, diz Márcia.
Confira algumas dicas das especialistas para estimular desde cedo as crianças a saberem a importância do dinheiro e a melhor forma de administra-lo em suas vidas.
Para a criança entender que nem tudo é para agora, precisamos explicar que o ato de comprar envolve mais coisas do que ir à loja e passar o cartão.
Explique que antes de comprar é preciso verificar se aquele gasto cabe no orçamento, que é importante pesquisar preços e marcas e não adquirir nada por impulso ou influenciada por alguém próximo ou pela mídia.
Antes de comprar, precisamos nos fazer algumas perguntas já conhecidas: quero? Preciso? Posso pagar? Vale acrescentar outros questionamentos nesse momento: tenho outra alternativa? Posso lugar? Reutilizar ou reciclar? Emprestar ou compartilhar?
“Esse pensamento ajuda não apenas no fato de economizar, mas em alternativas mais sustentáveis”, conta Teresa.
As crianças precisam desde cedo aprender a cuidar dos seus pertences, brinquedos, roupas, material escolar, entre outros. Com isso evitamos compras e gastos antecipados e desnecessários.
“Aprender a cuidar bem de você e suas coisas desde cedo, trará um reflexo positivo na vida adulta. Exemplo: se cuido bem do carro, ele vale mais na troca por outro. Se cuido da saúde, evito gastos com remédios”, orienta Teresa.
Seu filho pode não se interessar em economizar por não entender a recompensa por isso.
É importante explicar que economizar é abrir mão de algo hoje para ter algo melhor no futuro.
Cada família tem uma realidade financeira. Explique a sua e o motivo para economizarem. Talvez seja para um passeio, para as contas não entrarem no vermelho. Deixe a criança participar mais dos objetivos da família.
A criança está aberta a aprender, por isso fale sobre dinheiro com exemplos que ela entenda.
Plantar uma semente para ter frutos no futuro é uma boa comparação para falar com a criança sobre o assunto, sugere Teresa.
Sempre é bom lembrar o quanto, muitas vezes, estamos valorizando mais os presentes que a presença.
“Não compense com presentes uma possível culpa por ausência. A boa lembrança da infância está nos momentos com pessoas queridas”, comenta Teresa.
Incentivar a criança a conquistar algo faz uma diferença grande na vida adulta. Pensar em solução, usar a mente ativa, tirar uma ideia do papel permite que ela reconheça seus potenciais.
O que fazer para aumentar sua mesada? Qual ideia você daria para a mamãe economizar nas compras do mercado?
“Ideias que geram dinheiro, mas principalmente geram importantes experiências e vivências nas crianças”, afirma Teresa.
Ter um cartão de débito para saques faz a criança entender o valor do dinheiro, o que é limite e saber o que pode ou não comprar. Já uma poupança dá para a criança a ideia de economizar para longo prazo, para um objetivo maior.
“Essa atividade ajuda no empoderamento financeiro da criança”, comenta Márcia.
Crianças de até 7 anos de idade não devem ganhar mesada, segundo Márcia.
“Até esta fase, o indicado é que o ganho seja por meritocracia. Por exemplo: a cada tarefa determinada e realizada pela criança são acumulados pontos que serão convertidos em dinheiro”, afirma a especialista.
A partir dos 7 anos, as crianças podem receber mesada. Além do valor fixo mensal, os pais podem incrementar uma quantia extra mantendo a recompensa pelos méritos, conforme regras determinadas para a nova fase da criança.
Depois dos 10 anos, as regras referentes ao ganho de pontuação já estão estabelecidas e, nesse caso, o ganho por meritocracia deve ser descontinuado.
“Recomenda-se ainda que para uma mesada de R$ 150, por exemplo, deve-se separar R$ 50 para investir. Já o restante deve ser colocado em conta poupança para gastos da criança durante o mês”, finaliza Márcia.