Em um ano, mais da metade da população mundial tem pelo menos uma vez dor de cabeça, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). A doença é o problema neurológico mais comum, podendo ser leve ou intenso, e as mulheres são mais atingidas do que os homens, devido às alterações hormonais.
De tão popular, foi criado o Dia Nacional de Combate à Cefaleia, que acontece todo 19 de maio. O neurologista Saulo Nader explica que é mais comum os sintomas começarem entre 12 e 30 anos, mas todos correm o risco de sentirem essa dor ao longo da vida.
“Todo mundo está sujeito a ter cefaleia. Usualmente, começa na idade jovem, mas não é uma certeza, às vezes começa após os 50 anos. É a brincadeira que sempre fazemos: viver é correr riscos. Basta estar vivo para ter dor de cabeça em algum momento da vida”, lembra o especialista.
Por ser tão usual, a maioria das pessoas tem uma receita ou um remedinho especial para passar a dor. Porém, o médico alerta que essa decisão não é segura.
“Dor de cabeça é um sinal de alerta. É o corpo avisando que alguma coisa está errada no sistema neurológico. É importante procurar um especialista”, afirma Nader.
“A dor vira uma amiga de jornada. Mas a boa notícia é que todos os tipos de dor de cabeça têm tratamento. E não é só o tratamento abortivo, aquele que usa o medicamento para sanar com a dor. Existe o tratamento preventivo, que é possível deixar a pessoa sem dor ou com uma leve, de vez em quando. Dá muita qualidade de vida para a pessoa”, garante Nader.
O tipo mais comum é a cefaleia tensional e as causas estão relacionadas ao ritmo de vida das pessoas, explica Saulo Nader.
“Pessoas com privação de sono, seja voluntária ou insônia; com questões emocionais, como ansiedade, tristeza, solidão; e jejum prolongado são os que mais sofrem desse tipo de dor”, diz ele.
Ele acrescenta: “Hábito de vidas saudáveis, comer bem, dormir bem e tentar se manter longe de problemas emocionais, podem, de uma certa forma, funcionar como uma prevenção”, ressalta o médico.
A automedicação para acabar com as dores pode causar danos sérios às pessoas e, dependendo do medicamento, até gerar outras doenças.
O uso de analgésicos comuns, como dipirona e paracetamol, é perigoso porque, se tomados mais de três vezes na semana, tendem piorar a dor de cabeça. A pessoa pode ter a cefaleia por abuso de analgésico e a frequência de dor aumenta.
Já os remédios antigos feitos a base de ergot (molécula química que dá origem ao medicamento) podem causar doenças ainda mais graves.
“Eles funcionem, mas quem toma com frequência tem muita chance de efeito colateral grave, como trombose, infarto e AVC”, alerta Saulo.
O Dia de Combate à Cefaleia também surgiu para alertar que o problema tem de ser levado a sério. O especialista lembra que alguns tipos de dores indicam problemas graves.
“Existem algumas cefaleias secundárias que indicam problema quem colocam a vida da pessoa em risco. Pode ser um sangramento no cérebro ou um distúrbio neurológico. A dor de cabeça pode ser um prelúdio que a pessoa corre risco de morrer”, observa Nader.
O problema da dor de cabeça é comum, mas deixar que ele persista é uma escolha individual. “A pessoa pode ter qualidade de vida com os tratamentos preventivos. Não dá para dizer, por exemplo, que a enxaqueca vai sumir. Mas é uma doença tratável”, completa o neurologista.