Apesar da incessante busca pelo corpo perfeito não ser uma questão recente, ela se intensifica cada vez mais, devido, principalmente, às redes sociais. Com uma tecnologia que permite abusar de filtros, retoques e edições, aliada à influenciadoras que ditam o corpo ideal, fica muito difícil ir na contramão dessa “tendência” tão nociva para a saúde mental.
Recentemente, a Noruega tornou oficial a lei que obriga influenciadores digitais do país a comunicar quais retoques foram feitos nas fotos ao postá-las para seus seguidores. Quem não seguir a determinação, será multado. Segundo o parlamento do país, a decisão visa diminuir a pressão estética que acomete os jovens.
Mas, para além da inspiração legislativa, o que esse exemplo norueguês tem a dizer ao resto do mundo? “A cultura da juventude e do corpo ideal sempre acaba gerando sofrimento porque o resultado esperado é impossível”, responde a psicóloga e psicanalista Caroline Severo.
De acordo com a especialista, as redes sociais são um fator de grande influência na relação de um indivíduo com sua autoimagem. Assim, ser ou estar no mundo virtual pode modificar a nossa lógica do reconhecimento e ainda provocar sofrimento por uma visão distorcida e exigente sobre nossos corpos.
Dados divulgados pela Comscore revelam que o Brasil é o país que mais está conectado nas redes sociais em toda a América Latina, com cerca de 88% da população acessando redes como Facebook, Twitter e Instagram, por exemplo. Essa presença virtual em massa torna ainda mais importante o debate sobre as cobranças e pressões estéticas e um padrão inatingível.
“A relação da cultura da juventude e do corpo ideal, muitas vezes está pautada em refazer a própria imagem, e não em cuidados ou na reconexão com a autoimagem. Essa busca idealizada gera sofrimento porque é sempre da ordem do impossível”, alerta Caroline.
No entanto, é sempre pertinente pontuar que nem todas as melhorias estéticas são parte de um distúrbio de imagem. Muitos procedimentos podem ser uma maneira de recuperar a autoestima e se amar ainda mais. Nesses casos, as cirurgias e intervenções de beleza visam trazer benefícios à vida do paciente.
“O problema está no excesso, na negação do envelhecimento e dos dados do corpo. O psicólogo é necessário quando os procedimentos estéticos vão além da reconexão com o corpo, se tornando uma negação do que se vive em nome de uma idealização”, declara a psicóloga.
Fonte: Caroline Severo, psicóloga, psicanalista e coordenadora da Residência Terapêutica da Holiste Psiquiatria.