A partir do ano 2000 dediquei-me principalmente na luta para apresentar à sociedade os estudantes com transtornos mentais e que não tinham suportes das áreas pedagógica e de saúde. Houve um período em que encaminhavam crianças e adolescentes diretamente aos hospitais psiquiátricos, sem antes oferecerem nenhum tipo de intervenção. Então, gritamos aos quatro cantos e imploramos pela abertura de um Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil (Capsi) em Cianorte. Só conseguimos porque o Ministério Público atuou de forma extraordinária.
No período de 2012 a 2016 o trabalho de mobilização foi intensa. Em 2016, por medida judicial, foi implantado o Capsi. Devido a alta demanda de estudantes com indicativos e no espectro autista, muitos sem atendimento especializado, voltamos à “arena” e reforçamos o processo de mobilização da sociedade e do poder público.
Infelizmente, já perdemos muitas crianças e adolescentes para as comorbidades presentes no quadro do autismo, todavia, mesmo sem respostas positivas, continuaremos “gritando” por socorro: sair da invisibilidade é muito difícil porque a indiferença é imensa.
Eu tenho orgulho da comunidade escolar do Colégio Estadual Igléa Grollmann porque em nenhum momento desde o ano de 2012 recuou no enfrentamento para que estudantes no espectro autista e seus familiares tenham acesso ao direito que lhes pertencem.
Ana Floripes Berbert