Alguns animais sofrem mais do que outros, no entanto. Cachorros grandes, compactos e com pelos longos costumam sentir menos frio. Já os pequenos, com pelagem menor e focinho achatado (braquicefálicos), além de sentir mais frio, têm mais problemas respiratórios. Estes últimos são prejudicados tanto pelas mudanças de temperatura, quanto pelo tempo seco.
O especialista explica que as pessoas devem tomar cuidado ao se basear em seu próprio frio ou calor na hora de colocar roupas em seu animal. Em vez disso, ele recomenda que o dono preste atenção nos sinais que seu pet está dando -mesmo se estiver frio e ele estiver com a boca aberta e ofegante, por exemplo, pode ser um sinal que ele está com calor, explica Rossi.
Os cães menores e com pelo curto, no entanto, têm mais dificuldade de fazer tais adaptações. Aqueles com focinho achatado, como buldogues e pugs, têm ainda o agravante de possuírem o sistema respiratório prejudicado, pois têm mais dificuldade na ventilação. Essa conta pode ser extremamente prejudicial para os cães nesta época do ano.
O veterinário alerta que cachorros deste tipo são os mais afetados pelo tempo seco e as mudanças bruscas de temperatura e, por isso, podem ficar resfriados, contrair gripes e até ter doenças como a tosse canil com mais facilidade.
“São problemas comuns em cachorros que já têm alguma deficiência como por exemplo o focinho muito achatado ou o sistema imunológico fragilizado. Existem patógenos que vão se beneficiar dessa época do ano. E mudanças repentinas sem que o corpo tenha tempo para se adaptar aumentam a chance deles adoecerem.”
É o caso da Agnes, uma cadela da raça pug da empresária Stéfani Muniz Benetti, 24, dona de um pet shop na zona leste de São Paulo. Por ser um cachorro de focinho achatado, está mais suscetível aos problemas respiratórios e, com isso, é mais vulnerável às mudanças climáticas que causam tempo seco.
Benetti conta que há cerca de um ano a pug precisa fazer inalações periódicas, pois no clima frio está constantemente gripada. Agnes chegou a ficar internada com pneumonia por três dias. Seus outros dois cães, a vira-lata de grande porte Judith, e a yorkshire Matilda, estão lidando bem com as mudanças de temperatura e a baixa umidade do ar.
“Às vezes a gripe evolui para uma bronquite, depois para uma pneumonia, então a veterinária pediu pra manter constantemente a inalação nela, pois ajuda a abrir os brônquios e deixa o pulmão mais limpo. Com essa troca de tempo, a pug fica muito ruim”, diz.
Os tratamentos são indicados pela veterinária, mensais e duram uma semana, com sessões duas vezes por dia. Benetti consegue fazer sozinha, e Agnes não reclama. “Graças a deus ela fica imóvel e adora! Às vezes ela ronca fazendo inalação”, conta, rindo.
Em seu pet shop, ela também nota alterações no comportamento dos animais com as mudanças no tempo. Os espirros e os resfriados aumentam nesta época do ano, e ela precisa ficar atenta às mudanças bruscas de temperatura durante o banho dos pets. Ao mesmo tempo, recomenda que os pais troquem as roupinhas com periodicidade, para não despertar alergias.
“É preciso tomar mais cuidado com esses animais que são frágeis, sempre passar no veterinário, sempre fazer um check up. Se começou a espirrar, já leva no veterinário. Alguns casos os quadros evoluem muito rápido para uma pneumonia.”
Para driblar a sensação causada pelo tempo seco, as pessoas recorrem a diversas técnicas: usam umidificadores de ar, fazem inalação e algumas até deixam baldes de água com toalhas em alguns cômodos da casa. As técnicas também funcionam para melhorar a respiração dos pets.
A inalação feita sem recomendação, porém, é um ponto de divergência entre os veterinários. Rossi afirma que o método só deve ser feito com indicação, pois caso contrário, pode até prejudicar a respiração do animal.
“Podemos fazer inalação, mas existem cuidados a serem tomados. Você pode prejudicar a respiração do cachorro por estresse, você pode prejudicar sua oxigenação. Então de maneira geral eu não recomendo, a não ser se indicado pelo veterinário”, afirma.
Já o médico veterinário Eduardo Mattos afirma que não há prejuízo em se fazer a inalação, principalmente em cachorros com o focinho achatado. Mattos explica que a baixa umidade resseca muito a via aérea desses animais, o que pode causar doenças respiratórias.
“Não vejo contra indicação nenhuma desde que seja só com soro fisiológico. Esse ressecamento pode fazer com que o animal comece a produzir mais muco do que deveria, o que pode ocasionar outros tipos de doenças respiratórias, como a pneumonia”, explica.
“Essas partículas que ficam em suspensão fazem com que o cachorro tenha mais espirros, tenha espirros reversos, que são aqueles para dentro, e isso pode ocasionar uma traqueíte, fluindo até para uma pneumonia, por exemplo.”
Dicas para ajudar na respiração dos pets
– Umidificadores de ar e recipientes com água pela casa funcionam para driblar a baixa umidade do ar com os pets
– Durante o inverno, é importante que os cães tenham locais para deitar que sejam isolantes térmicos e que não fiquem úmidos. Placas de madeira ou papelão funcionam
– Durante o verão ou em dias quentes, permita que seu cão fique em locais frescos ou em contato direto com o chão
– Evite caminhar com o cachorro no asfalto quente ou embaixo do sol forte
– Inalação só deve ser feita com indicação do médico veterinário