Desde o começo de novembro, a Europa tem registrado aumento nos números de mortes e novos casos de infectados com a Covid-19. A detecção da variante Ômicron, na África do Sul, fez crescer ainda mais a preocupação de que a quarta onda da pandemia por lá seja ainda mais grave.
Para nós, brasileiros, fica a dúvida se corremos o risco de reviver números altos de novos casos e mortes, como a vivida no primeiro semestre de 2021 ou em 2020. Os especialistas ouvidos pelo R7 foram taxativos ao falar que nossas atitudes nas festas de final de ano, nas próximas férias de verão e no Carnaval indicarão os caminhos da pandemia por aqui.
Para Leonardo Bastos, pesquisador da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), a situação vivida na Europa deve servir como um sinal de alerta. “Se essa onda na Europa se sustentar por um tempo ela pode voltar pra cá e ser um problema para gente. No curto prazo, devemos ter cautela, mas é pouco provável que vejamos um crescimento no Natal, Réveillon e até em janeiro. Já no médio prazo, passados festas de fim de ano, janeiro, carnaval, se ignorarmos que estamos em uma pandemia, eu não sei o que pode acontecer”, diz ele.
A médica Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileiro de Imunizações), concorda e alerta. “Qualquer excesso pode trazer uma nova onda pra nós aqui. O momento do país é bom sim, temos de curtir esse momento, mas a Covid-19 ainda está entre nós e, principalmente, solta pelo mundo. Agora, está todo mundo vivendo como se tudo tivesse acabado. É importante não aterrorizarmos, porém precisamos entender que a flexibilização tem o limite da segurança.”
A situação vivida na Europa não pode ser comparada integralmente com a do Brasil. Lá a campanha de vacinção começou antes daqui, porém, o Ministério da Saúde resolveu aplicar a dose de reforço assim que estudos mostraram a queda de proteção dos imunizantes com o passar do tempo.
“As causas da nova onda na Europa são multifatoriais, mas um dos fatores que podem ter levado essa nova onda na Europa, se deve ao fato que eles começaram a vacinação bem antes que os demais países e ainda não fizeram a terceira dose. Já sabemos que a partir de um tempo as pessoas perdem a proteção. Termos nos adiantados nisso é bom nesse caso”, afirma Isabella.
Além da terceira dose, diferentemente dos países europeus, a variante Delta, que ainda é predominante nos casos do mundo, não significou um aumento expressivo por causa da vacinação e do alto número de infectados nos meses de abril e maio.
“Quando a Delta chegou aqui, vimos algumas pequenas ondas de casos graves no Rio de Janeiro, um pouco em Brasília, estamos vendo agora no Rio Grande do Norte. Mas foi uma onda mais fraca de casos graves e óbitos graças à vacinação e também quantidade muito grande de pessoas recentemente infectadas. Essa proteção por infecção não aconteceu na Europa porque só a vacina não está sendo suficiente para segurar a transmissão”, conta Leonardo.
E acrescenta: “Mas, quando olhamos para os casos graves é óbitos na Europa, vemos que os patamares são mais baixos. Ele atingem mais os não vacinados ou aqueles que as vacinas não foram efetiva. “