Pesquisa Datafolha aponta que dois em cada cinco estudantes no Brasil precisam de apoio psicológico, e que o grupo também tem dificuldades de controlar as emoções como raiva e frustração. Quem estuda em escolas que oferecem esse suporte e usa os serviços se diz mais integrado, mais feliz no dia a dia e mais envolvido com o ambiente escolar.
O levantamento ouviu 1.323 responsáveis de estudantes e 1.863 alunos entre seis e 18 anos matriculados em escolas públicas municipais e estaduais, de ensino fundamental e médio.
De forma geral, esses problemas foram relatados por mais familiares no último levantamento, em relação a pesquisa anterior, de maio. Segundo o levantamento, 44% das escolas ofereçem apoio –23% dos estudantes desses locais disseram ter usado os serviços.
Para enfrentar problemas de saúde mental, os principais entraves são as faltas de profissionais suficientes para apoio psicológico (62%), de experiências para ensinar a lidar com emoções e de proteção da privacidade dos alunos com problemas (ambos com 11%).
Para Daniel de Bonis, diretor de conhecimento, dados e pesquisa da Fundação Lemann, questões como bullying, alunos menos integrados ou com problemas familiares encontram melhor amparo na escola, mas outros exigem uma capacidade além da que é oferecida.
“Temos visto que temas de depressão, episódios violentos e abuso de substâncias geram um contingente que escapa à capacidade que a escola tem de resolver sozinha.”
Ele diz que professores podem ajudar quando formados para mediação, resolução de conflitos, mas que a solução exige uma política pública com psicólogos e assistentes sociais integrados às redes de ensino.
A pesquisa também aponta que os responsáveis pelos estudantes elegeram como prioridade do governo a educação (78%), com vantagem sobre saúde (66%) e segurança pública (21%). Segundo Bonis, isso pode ser reflexo do fechamento de escolas durante a fase mais restritiva da pandemia.
“A pandemia aproximou a família do processo educacional, porque quando as escolas fecharam, percebemos o tamanho e a complexidade disso.”