Pressionada pela escalada das cotações internacionais do petróleo, a Petrobras anunciou nesta quinta-feira (10) reajustes nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Os aumentos, porém, foram bem diferentes: 18,8%, 24.9% e 16,1% respectivamente.
Assim, a avaliação do preço da gasolina, por exemplo, considera a cotação da gasolina no Golfo do México, a taxa de câmbio e custos de importação do produto, gerando um parâmetro chamado de paridade de importação.
No inverno do Hemisfério Norte, por exemplo, o diesel e o gás de cozinha tendem a ficar mais caros pela elevada demanda para calefação. Já no verão, o preço da gasolina é pressionado pela alta procura na temporada de viagens de carro nos Estados Unidos, maior consumidor mundial.
O último reajuste da Petrobras antes do anúncio desta quinta havia sido feito no dia 12 de janeiro, num momento em que os preços do diesel ainda sofriam pressão da elevada demanda do inverno no Hemisfério Norte.
No período sem reajustes, os preços continuaram pressionados no exterior, sem que a Petrobras acompanhasse a tendência.
Assim, a defasagem era maior do que nos outros produtos: segundo a Abicom (Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis), na quarta (9), o preço médio do litro de diesel nas refinarias da Petrobras estava R$ 2,54 abaixo das cotações internacionais.
Na gasolina, a diferença era menor, de R$ 1,41 por litro. Com aumentos de R$ 0,61 por litro no diesel e R$ 0,50 por litro na gasolina, a Petrobras reduziu parte da defasagem, mas não zerou a diferença. Em geral, a estatal trabalha com preços pouco abaixo do mercado internacional.
Celestino destaca que o preço do diesel é hoje pressionado também por um aperto no cenário de oferta e demanda, que passou a ser prejudicada nas últimas semanas também pela guerra na Ucrânia.
Na Europa, ao contrário dos Estados Unidos e do Brasil, a frota de veículos de passeio é majoritariamente movida a diesel e, em maior ou menor intensidade, a Rússia fornece o produto para quase todos os países do continente.
Em 2019, por exemplo, um terço das importações inglesas de diesel e um quarto das alemãs vinham daquele país, segundo a Bloomberg. Com sanções à produção russa ou maior dificuldade para acessar os produtos, esses países têm que buscar alternativas, inflacionando o mercado.
Em uma condição normal, a gasolina começaria a ter valorização mais intensa a partir de abril, com o feriado de primavera nos Estados Unidos, com pressão maior em maior e junho, com a formação de estoques para as férias de verão.
O diesel, por sua vez, estaria cedendo dos patamares mais altos em que geralmente é negociado no período de maior demanda, com a proximidade do fim do inverno.
O país é hoje o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, atrás dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. Ocupa também a terceira colocação em capacidade de refino, atrás dos Estados Unidos e da China.