Você já deve ter se deparado com vídeos de dancinha, dublagem ou humor rápido enquanto navega pela internet e acessa plataformas digitais. É até capaz, também, de você ter visto esse tipo de conteúdo ao ser replicado em algum programa de televisão.
E sabe de onde surgiu essa nova forma de comunicar que tem feito tanto sucesso? A resposta é: da rede social chinesa TikTok, grande responsável pela alta projeção dos vídeos curtos – e na maioria das vezes bem humorados – que têm, inclusive, ganho espaço em mídias concorrentes.
Público-alvo da ferramenta, os jovens podem passar horas e mais horas em frente à tela do celular, consumindo os conteúdos que o aplicativo oferece.
Um estudo realizado por cientistas da Universidade Zhejiang, na China, e publicado na revista científica NeuroImage, revelou que algumas regiões do cérebro ligadas ao sistema de recompensa são acionadas enquanto crianças e jovens assistem aos vídeos personalizados pela plataforma, gerando sensação de prazer e satisfação no organismo, o que, segundo especialistas, pode causar uma espécie de vício e dependência e prejudicar o foco em atividades mais complexas.
Para o neuropsicólogo Hugo Monteiro Ferreira, coordenador do Núcleo do Cuidado Humano e do Grupo de Estudos de Transdisciplinaridade da Infância e da Juventude, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o uso excessivo da rede social pode trazer consequências perigosas.
Autor do livro “A geração do Quarto”, que aborda questões relacionadas à saúde mental de crianças e adolescentes, Ferreira avalia que a predileção por interações virtuais pode afetar habilidades comportamentais.
“As consequências são mais drásticas porque a ausência da relação face a face também leva a uma ausência de interlocução, de diálogo, de divergência, de contraposição, de contra-argumentação. Você aciona menos a sua capacidade crítica, a sua dúvida, o seu questionamento”, analisou.
Mas, explica, como o uso de redes sociais é cada vez mais inevitável, é indicado, então, encontrar um equilíbrio. “Eu acho que as famílias e as escolas precisam urgentemente apresentar alternativas para as crianças e os adolescentes. Quais são essas alternativas? Alternativas que possam possibilitar o contato face a face, os encontros culturais, os encontros de convivência, as relações que podem ser estabelecidas sem a mediação da máquina”, sugeriu.