A aposentadoria ainda é um tema que gera muitas dúvidas. Especialistas opinam que “o brasileiro não tem o hábito de guardar dinheiro” e que o cenário do país em relação à educação financeira é ruim.
Atualmente, o trabalhador é obrigado a contribuir com a previdência pública e terá direito à aposentadoria por ela no futuro. No entanto, os especialistas pensam que isso não é o suficiente.
Segundo o INSS (Instituto Nacional Seguridade Social), havia mais de 22 milhões de aposentadorias ativas até dezembro de 2022.
No ano passado, o serviço público pagou R$ 1.635,19 por contribuinte. O maior pagamento único a trabalhador no período foi de R$ 7.087,22, que é o teto do serviço.
Para a educadora financeira Simone Sgarbi, um problema das remunerações da aposentadoria paga pelo governo é a baixa correção. Ou seja, os pagamentos normalmente não são reajustados pela inflação. Na prática, isso significa que o recurso vai diminuindo ao longo do tempo.
“Então, a gente precisa que o brasileiro entenda que o INSS é sim uma ferramenta principalmente de segurança, o recomendado é que você contribua com o mínimo para você ter esse mínimo de segurança, mas é necessário que você mesmo monte sua aposentadoria”, completa.
Os quatro economistas consultados pela reportagem pensam dessa forma. Eles divergem entre si sobre o quanto a previdência pública pode ser útil aos trabalhadores, mas todos concordam que o ideal é ter também uma aposentadoria privada.
De acordo com os especialistas, é necessário guardar dinheiro quando o trabalhador recebe seu primeiro salário na vida. Caso não seja possível, é preciso começar a alimentar o cofrinho “assim que possível”.
“Você tem aquele efeito bola de neve dos investimentos. Quanto antes começar, melhor, porque aí ou você vai poder contribuir com parcelas menores ou você vai ter lá no final um montante maior que vai te proporcionar uma renda maior”, afirma Rafael Haddad, o porta-voz do C6 Bank.
De forma semelhante, a autora Adriana de Arruda, planejadora financeira da Planejar, ressalta a questão da longevidade. Ou seja, a importância de organizar o dinheiro para o decorrer da vida.
De acordo com os economistas, há algumas opções de investimentos visando a aposentadoria. Ou seja, dinheiro que retornará depois de anos de ser aplicado.
Um deles são os serviços de previdência privada oferecidos por bancos e instituições particulares. Nela, de maneira resumida, um gestor da empresa decide onde alocar os recursos investidos pelo cliente.
Outra opção é o próprio trabalhador escolher onde vai colocar seu capital. Para esse tipo de investimento, as melhores opções são os títulos de renda-fixa. São as compras que garantem um retorno todo mês.
Essa categoria é considerada a mais conservadora pelo mercado, porque não resultam em grandes lucros, mas compensam por ser menos arriscada.
Nesse contexto, os especialistas ouvidos afirmam que o Tesouro Selic é a melhor opção e equivale aos títulos de dívida da União. Na prática, é um empréstimo para o governo brasileiro.
Essa opção é considerada a mais segura no mercado, com menor risco de calote. Isso porque, em último caso, um governo pode emitir a própria moeda para pagar suas dívidas.
Nela, seu dinheiro pode ser sacado a qualquer momento, sem prejuízos. A rentabilidade do Tesouro Selic, ou seja, quanto o investidor lucra com isso, está atrelada à Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira. Atualmente, ela está em 13,75% ao ano.
O título está disponível para compra no site do Tesouro Nacional, em bancos e em corretoras de investimento.
Na plataforma, há mais de uma alternativa. É necessário ter cuidado para não confundir o título Tesouro Selic com o Tesouro Prefixado, que tem prazo e funcionamento diferentes.
Em relação ao valor que precisa ser guardado para a aposentadoria, a quantia pode variar. É o que diz Mauricio Takahashi, professor de economia do Mackenzie.
“A quantia necessária para uma aposentadoria vai variar muito. Dependendo principalmente dos objetivos e das expectativas do trabalhador, no entanto é importante que a gente leve em consideração alguns fatores, como a idade que a pessoa deseja se aposentar e a expectativa de vida”, declara ele.
Por sua vez, Simone Sgarbi apresenta simulações, nas quais se investe cerca de R$ 200, mas em diferentes momentos da vida.
Cenário 1 – A pessoa tem 20 anos e quer se aposentar com 60 anos.
Rendimento: 10% ao ano.
Total que terá sido investido: R$ 96.000,00.
Ganho total: R$ 984.738,23.
Total (investimento mais juros): R$ 1.080.738,23.
Cenário 2 – A pessoa tem 40 anos e quer se aposentar com 60 anos.
Rendimento: 10% ao ano.
Total que terá sido investido: R$ 48.000,00.
Ganho total: R$ 94.019,69.
Total (investimento mais juros): R$ 142.019,69.
Ainda, Sgarbi faz recomendações do quanto deve ser acumulado ao longo do tempo. Por exemplo, aos 35 anos, o ideal é o trabalhador ter juntado aposentadoria equivalente a um ano do seu custo de vida. Ou seja, se a pessoa costuma gastar R$ 2 mil todo mês, ela precisa ter guardados R$ 24 mil, com essa idade.
Já aos 45, é preciso ter acumulado o número equivalente a três anos do salário do trabalhador. Com 55, seis anos daquela remuneração. Com 65, nove anos do salário.
Além disso, outra recomendação dos especialistas ouvidos pelo R7 é o RendA+. O título foi criado pelo Tesouro Nacional para ser um complemento à aposentadoria de quem adquiri-lo.
Porém, vale citar que o novo serviço não pretende substituir a Previdência Social e pode ser adquirido no site do Tesouro.