Nas redes sociais, mensagens alertam para uma mudança nas medidas de combate à pandemia, vinda do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. De acordo com uma das publicações, o órgão teria admitido que o “teste PCR (cotonete) não consegue diferenciar o vírus da gripe (influenza) do COVID-19”. A postagem ainda fala que o CDC recomendou a adoção de “novos testes” para este ano.
Localizamos esta mensagem em pelo menos dois grupos da rede Telegram. Um com cerca de 18 mil membros e o outro com 9 mil. Na mesma mensagem, o autor faz qustionamentos sobre o número de infectados, dando a entender que, se o teste não diferencia os vírus, muitos dos casos de covid poderiam ser de gripe. “O número de mortes também é fictício?” completa a publicação.
Essa autorização se referia a testes RT-PCR produzidos para o CDC e que o órgão distribui. São testes que estavam sendo usados desde fevereiro de 2020, quando o primeiro caso foi detectado no país. Apesar da mudança de postura, desde este primeiro aviso, o órgão deixou claro que existiam muitas outras alternativas de testes.
“O CDC está fornecendo este aviso prévio para que os laboratórios clínicos tenham tempo suficiente para selecionar e implementar uma das muitas alternativas autorizadas pela FDA” diz o comunicado.
Em agosto, o CDC publicou outro comunicado, esclarecendo as razões de retirar o RT-PCR da lista de testes de uso emergencial. Segundo a nota divulgada, a FDA já autorizou centenas de outros testes de diagnóstico SARS-CoV-2. Muitos, inclusive, que podem testar mais de uma doença ao mesmo tempo. “No momento em que o CDC implantou o RT-PCR, não havia outros métodos autorizados pela FDA disponíveis nos Estados Unidos” aponta o comunicado.
Neste mesmo comunicado, o CDC deixa claro que os testes PCR foram “especificamente projetados para detectar apenas material genético viral SARS-CoV-2”. Na realidade, não é que o teste não possa distinguir os dois, é que o teste foi projetado apenas para detectar o COVID-19. Segundo o órgão, a presença de material genético viral da gripe em uma amostra não causará um resultado falso positivo, ou seja, alguém com gripe não criaria um falso positivo para COVID-19 com este teste.
Logo, não é verdade que o CDC retirou os testes PCR da lista de uso emergencial porque estes não conseguiam distinguir se o vírus era da covid ou da gripe. Na realidade, o órgão tomou essa decisão como forma de melhorar o diagnóstico dos americanos infectados, já que os testes RT-PCR usados pelo Centro não conseguem detectar o vírus influenza.
As informações das mensagens viralizadas, portanto, são falsas. O CDC realmente está retirando os testes de circulação, mas não é porque eles “confundem” os vírus SARS-CoV-2 e o influenza. Em nenhum momento o órgão trata desse assunto. A motivação foi, na verdade, a melhora nos diagnósticos e, consequentemente, no combate às doenças em questão.
Além disso, vale ressaltar que a descontinuação se aplica apenas aos testes utilizados e distribuidos pelo CDC. Outros testes de modelo RT-PCR, desde que aprovados pela FDA, continuam sendo usados normalmente e são considerados adequados. No Brasil, tanto a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), quanto o Ministério da Saúde não recomendaram nenhuma alteração nos protocolos de testagem.